Quando viajei para Peru e Bolívia cismei que queria Arequipa no meu roteiro. Apesar da cidade ficar um pouco fora do eixo Cuzco – Machu Pichu, não queria abrir mão de conhecer a região e o famoso Vale do Colca.
Há muito o que fazer em Arequipa, como conhecer a bela Plaza de Armas, ver o voo do condor, apreciar os mirantes e provar a gastronomia peruana, que em Arequipa é super especial.
Arequipa foi inscrita como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 2000, pois seu centro histórico tem uma característica bastante interessante, já que todas as construções são feitas de um mesmo tipo de pedra vulcânica, o que lhe concedeu o nome “Ciudad blanca“.
Ao definir os deslocamentos poderia ter enfrentado as quase 9 horas entre Cuzco e Arequipa, mas como tinha pouco tempo resolvi ir de avião, aliás aterrizar e decolar de Arequipa é sempre um espetáculo à parte.
Conto tudo aqui como organizar uma viagem a Machu Pichu.
Cheguei na cidade num final de tarde e já fiquei impressionado com o trânsito caótico da cidade, já que Arequipa é uma cidade grande, com quase 800.000 habitantes.
Meu hotel na histórica Plaza de Armas de Arequipa
Reservei o Hostal Maison Plaza, o qual tem uma localização incrível, exatamente na Plaza de Armas. O hotel fica localizado em um bonito edifício histórico com arcos e varandas com vistas privilegiadas para bela igreja de Arequipa.
O café da manhã era servido nestas varandas, uma maneira bem especial de começar o dia.
É um hotel bom, porém não espere luxo. Os quartos tem mobílias antigas e o café da manhã é bem simples.
O senhor que trabalhava na recepção era super atencioso e me ajudou a organizar algumas excursões pela cidade.
Experimentando o Triple em Arequipa
Deixei minhas malas no hotel e sai para jantar. Em Cuzco, me disseram que eu deveria experimentar um prato chamado Triple em Arequipa, e eu como gosto de comidas diferentes saí pela cidade para buscar a tal iguaria.
Ali mesmo pelos arredores da Plaza de Armas tem vários restaurantes. Eu estava sozinho e pra falar a verdade fico meio desconcertado em ir a restaurantes assim, mas lá fui eu.
Cheguei num restaurante de comida tradicional peruana e pedi o tal do Triple, sem saber o que seria especificamente. O prato é composto por pastel de papa, rocoto relleno e chicharron.
O pedido não poderia ter sido mais acertado, porque gosto das três coisas: o pastel de papa é como um bolo de batata, rocoto relleno é um tomate assado recheado com carne, e chicharron é nosso bom e velho torresmo, mas lá com bastante carne.
Enquanto saboreava meu jantar à luz de velas, um conjunto de músicos veio à minha mesa, fiquei meio envergonhado pois eu era a única pessoa que estava sozinha e o restaurante tinha um clima romântico. Continuei comendo e ainda pedi para o garçom tirar uma foto.
Confesso que fiquei bastante sozinho em Arequipa, diferente das outras cidades onde tinha conhecido muita gente.
Falo sobre como é viajar sozinho neste artigo. Dá um olhada.
A bonita Plaza de Armas em Arequipa
A Plaza de Armas de Arequipa é impressionante, onde três lados são ocupados por edifícios com varandas e arcos e em um deles se eleva a bonita catedral, toda branca, com suas duas torres.
Três grandes portais marcam a arquitetura da praça e chamam a atenção por sua altura e imponência. Tudo é feito da rocha sillar, o que confere a mesma cor a todos os prédios, casas e igrejas.
No centro da praça tem uma fonte de bronze e uma estátua em cobre de El Tuturutu, que teria fundado a cidade. Além disso enormes palmeiras enfeitam o local.
Ainda nos arredores da famosa praça conheci a Igreja da Companhia de Jesus e a Igreja de São Francisco.
Pasaje de la Catedral, uma ruazinha charmosa
No centro histórico de Arequipa não deixe de conhecer a Pasaje de la Catedral, um pequeno trecho de rua somente para pedestres cheio de bares e restaurantes.
Para mim, a rua mais charmosa do centro histórico de Arequipa.
Uma coisa que se deve notar em Arequipa, principalmente na Praça de Armas, é a iluminação noturna, quando a cidade muda de cor.
Um tour pelos arredores de Arequipa
No outro dia fiz um tour por Arequipa naqueles ônibus de dois andares. É possível fazer estes passeios por conta própria, mas como eu já vinha de vários dias de viagem escolhi algo mais fácil, já que algumas atrações estão um pouco longe do centro da cidade.
Fomos até um lugar de criação de alpacas e logicamente, como acontece sempre em excursões, eles nos levaram até uma loja de malhas depois .
Neste mesmo lugar vimos também uma criação de cuy, que é tipo um “porquinho da índia” consumido muito comumente no Peru.
Dizem que a carne é super saborosa e livre de gorduras, mas eu não tive coragem de comer. Existe um prato chamado cuy chactado, onde o pequeno animal é assado inteiro e ao servir vemos o bichinho estatelado no prato. Não encarei.
Yanahuara e o Mirador Carmen del Alto
Conheci o bonito Mirador Carmen del Alto, o qual está localizado há aproximadamente 6 km do centro de Arequipa.
O Mirador tem uma linda vista para plantações verdinhas que são como oásis em meio à aridez. Além de tudo isso a paisagem é contemplada pelo belo Vulcão El Misti.
Ainda no Mirador Carmen de Alto vi uma apresentação de cavalos marchadores, os quais pareciam dançar ao som da música.
Continuando o passeio, fomos até o bucólico distrito de Yanahuara, um dos lugares que mais gostei em Arequipa.
O mirador de Yahahuara tem arcos que emolduram o visual de Arequipa.
Nestes arcos existem poemas, e um deles é assim: “Arequipa la tierra de libres anidada en los pies de un volcán: Vives Libres y Feliz cuando vives prefiriendo ser libre a tu pan“.
Passear por Yahahuara é uma delícia e confesso que o tour limita bastante a visita. Gostaria de ter ficado uma tarde por ali, curtindo sem pressa, existem ruazinhas super charmosas com flores, uma bela fonte e a igreja.
Observe os detalhes da igreja, que também é feita de sillar a mesma pedra vulcânica utilizada em toda a cidade.
La Mansion del Fundador
A Mansion del fundador é outro ponto de destaque nos arredores de Arequipa. A enorme casa do século XVII pertenceu ao fundador da cidade e foi toda restaurada. No local encontramos também uma linda capela.
O casarão teve diversos usos, inclusive pela igreja. Com o passar dos anos o mesmo ficou em ruínas, até que em 1981 foi totalmente restaurado.
Foi lá onde aprendi que na arquitetura colonial peruana, a cor da parede indica se uma determinada área é pública ou privada. Sendo assim, as visitas sabiam se um determinado aposento era privado se a parede fosse azul ou público caso a parede fosse amarela.
Todo este tour é feito em meio dia, como falei poderia ter feito tudo por conta própria, e com certeza teria aproveitado muito mais.
Provei um sorvete de queijo de uma simpática vendedora perto da Mansão do Fundador, o sabor é exótico porém gostoso.
A Múmia Juanita
O Museu Santuários Andinos guarda um dos maiores tesouros do Peru, e para muitos é o principal motivo de uma viagem à Arequipa.
Neste museu fica exposta a múmia Juanita, que chama a atenção pelo excelente estado de conservação.
Conta a história que Juanita foi uma oferenda a Apu Ampato, uma montanha sagrada para os incas.
A pequena garota tinha entre 12 e 14 anos e num ritual recebera um golpe mortal no supercílio direito. Acredita-se que a mesma estaria sedada por chicha, uma bebida fermentada muito comum no Peru.
Ter uma filha morta num ritual desses era motivo de orgulho para a família, e geralmente somente os nobres eram escolhidos para tal sacrifício.
Juanita fica exposta em um congelador que mantém a temperatura perto dos 26 graus negativos.
O corpo de Juanita foi conservado por mais de 500 anos, em um lugar de condições climáticas extremamente geladas. Acredita-se que ela tenha morrido perto de 1466 d.C.
Inclusive os dentes e órgãos internos estão conservados. Existem muitas outras múmias no Peru, mas Juanita chama a atenção justamente por estas características.
A múmia fica exposta no Museu Santuários Andinos somente entre maio e dezembro, fora isso o corpo é utilizado para estudos em laboratório.
Monastério Santa Catalina
Este lugar mereceria um post específico, o Monastério de Santa Catalina é como uma vila dentro de Arequipa, ocupando uma área de 20.000 metros quadrados.
O monastério foi aberto em 1579 e funcionava de forma secreta dentro da cidade, isso porque ninguém sabia o que acontecia lá dentro. Neste monastério chegaram a morar 500 mulheres e somente nos anos 70 o local foi aberto para visitação pública.
Passeando por lá nos sentimos em uma pequena vila, muitas delas floridas e com paredes coloridas. Tem uma arquitetura colonial porém muitas vezes mescla com outros estilos.
O ideal é caminhar por ali sem pressa, conhecendo as capelas, os claustros, as pequenas praças, as ruazinhas e até algumas fontes. Algumas partes estão destruídas, já que Arequipa passou por vários terremotos, porém mesmo assim a visita ao complexo é impressionante.
Uma das histórias que se conta por Arequipa é que durante uma das reformas do monastério foi encontrado um esqueleto de um bebê emparedado, provavelmente fruto de uma gravidez indesejada de uma das freiras.
Histórias a parte, conhecer o Monastério de Santa Catalina é um programa imperdível na cidade.
Cânion do Colca
Arequipa é a cidade base para uma das excursões mais bonitas do Peru, o Cânion do Colca.
Existem dois tipos de excursões, a de um dia, tipo um bate e volta e a de dois dias e uma noite. Evite de toda forma fazer a excursão de um dia, pois é muito cansativo e será preciso sair de Arequipa as 2 da manhã.
Outro motivo para evitar o passeio de um dia é por conta da altitude, que nesta excursão passa dos 4500 msnm, pois a chance de sofrer de soroche (mau da altitude) é muito alta.
O melhor mesmo é o passeio de dois dias, dormindo em Chivay. Além do que, se estiver indo para a região do Titicaca, mais precisamente Puno, é possível parar em um local onde passam os ônibus, não sendo necessário voltar à Arequipa.
Aliás esta é uma das dicas para integrar Arequipa num roteiro Peru e Bolívia. Na época não sabia desta opção e acabei voltando à Arequipa para somente no outro dia embarcar a Puno.
Combine na agência em Arequipa estes detalhes, e o pessoal irá te dar todas as informações.
Voltando a questão da altitude é algo sério mesmo. A van faz paradas em vários lugares como mirantes, montanhas ou quando tem algo interessante para ver.
Lembro-me que em uma das paradas eu atravessei a pista para tirar uma foto, ao voltar, vinha um caminhão e acelerei o passo, somente este movimento me deixou sem ar.
Realmente tenho problemas com altitude, nesta viagem mesmo, em Cuzco, precisei pedir oxigênio no hotel porque sentia muita dificuldade para respirar e outra vez, no Atacama, passei mal também.
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É bom se prevenir, existem comprimidos específicos para isso.
Bom, o passeio de dois dias tem outras vantagens, como o de pernoitar na simpática Chivay. Lá as mulheres usam um tipo de chapéu que as identificam se são casadas, solteiras ou viúvas, dependendo do número de flores que tiver enfeitando o adereço.
Também terá tempo de relaxar em La Calera, nas famosas piscinas com águas termais. Fiquei um tempão lá de boa depois de um dia de passeio, relaxei tanto que esqueci meu relógio (que tinha acabado de comprar) nos armários do vestiário. Voltei lá para pegar, mas alguém já tinha levado.
No outro dia, logo cedo, a excursão zarpa para ver o voo do condor. A ave é um símbolo dos Andes, já que este animal é encontrado em toda a extensão da cordilheira.
Percepções & Dicas do Viajante Curioso
Arequipa é uma cidade grande, e todo aquele movimento de carros tirou um pouco do charme do lugar para mim.
Não achei o centro histórico de Arequipa tão bonito, tirando a Plaza de Armas que realmente é impressionante não vi tanta coisa que me chamasse a atenção.
É preciso pensar na logística para incluir Arequipa no seu roteiro, caso esteja fazendo o clássico Peru e Bolívia, a cidade se encaixa bem entre Cuzco e Puno, onde depois de fazer a excursão para o Cânion do Colca é fácil tomar um ônibus para Puno.
Para quem gosta de gastronomia, Arequipa é um prato cheio.
Fiz o tour de 2 dias e uma noite ao Cânion do Colca porém o que mais gostei foram os povoados, principalmente Chivay onde dormi.
O voo do condor é bonito, mas não foi algo que marcou nesta excursão.
Ao reservar este passeio ao Cânion do Colca tenha em mente que a hospedagem é super simples, caso queira algo melhor, deixe claro no momento da reserva o padrão de hotel que quer.
Geralmente as excursões levam os grupos para restaurantes turísticos em Chivay com shows temáticos, achei interessante pois não vi muitas opções na pequena cidade e o preço não era nada caro.
O melhor momento para ver o voo do Condor é logo cedo, desta forma prepare-se para madrugar.
Somente Arequipa pede 2 dias, porque acho interessante, além de conhecer a cidade, passear pelos arredores como Yanahuara e Mansion del Fundador.
A visita ao Monastério de Santa Catalina e Museus Santuários Andinos, onde fica a Juanita, já ocupam meio período. Planejem-se.
Gostaram das dicas ?
Autor do blog, é formado em Ciência da Computação e atua com Marketing Digital e e-commerce por mais de 10 anos.
As viagens por quase 40 países são a inspiração para produção de conteúdo.
Além do blog, o autor escreve para colunas de turismo em jornais da região de Campinas e é blogueiro associado do Portal UAI de Minas Gerais.
Adorei as dicas de Lima e Arequipa
Estou indo essa semana pra lá e
bora no roteiro de Diego Oliva
Valeu!!
Oi Maristela, tudo bem ?
Ah que bom!! Você vai curtir muito!!
Fico feliz que gostou das minhas dicas!!
Diego
Adorei sua matéria e as dicas, vou em dezembro para Arequipa. Pode me dizer qual empresa que contratou para fazer o tour? Obrigada!
Olá, vc vai adorar
Em Arequipa, use o Hop on Hop off, aqueles ônibus de 2 andares. Foi um passeio legal e completo.
Não deixa de ir nos miradores, são lindos !!
Diego