Uma viagem ao Oriente Médio é sempre acompanhada por perguntas como: Por que você vai pra lá ? Não só Israel, como parte do Oriente Médio estão sempre na mídia com cenas de bombardeios e atentados.
Telaviv, Israel e todo o Oriente Médio podem sofrer de um “preconceito turístico”, porém a região é um prato cheio para quem gosta de história, turismo religioso e belezas naturais.
Jerusalém é a cidade que mais recebe turistas em Israel e talvez ofusque um pouco Telaviv, tanto é que quando fiz meu roteiro decidi por ficar em Jerusalém e fazer somente um bate e volta à Telaviv, já que a distância entre as cidades é em torno de 60 Km, que podem ser percorridos em pouco mais de uma hora.
O principal aeroporto do país, o Ben Gurion, fica entre as duas cidades. Sendo assim ficaria ainda mais fácil, pois de Jerusalém poderia ir direto ao aeroporto, sem passar por Telaviv.
Mas tudo mudou depois de vários problemas que tive em Jerusalém, quando decidi sair da cidade dois dias antes do previsto.
Quer saber porque não gostei de Jerusalém, clique aqui.
Está tudo no link acima, e aqui quero falar da cidade que salvou parte da minha viagem, pois estava tão estressado em Jerusalém que precisava de uns dias na praia. Telaviv cairia como uma luva.
E aí, quase me dei mal de novo ….
Viajando para Telaviv
Perto do meu hotel, em Jerusalém, tinha uma estação do TRAM, aí tomei este veículo e fui direto à rodoviária.
Achei legal o contraste entre a modernidade do TRAM e a as Muralhas da Cidade Antiga de Jerusalém.
Não estranhe ter que passar por máquinas de RX em Israel, elas são super comuns em todos os lugares: estações, hotéis e shoppings.
Chegando na rodoviária de Jerusalém comprei um ticket e não esperei mais que 30 minutos para embarcar.
Viajar entre Jerusalém e Telaviv é super fácil, pois existem vários horários de ônibus.
A viagem demora uma hora e meia mais ou menos. As estradas são muito boas.
Chama muito a atenção os soldados pelas ruas, e muitos. O serviço militar em Israel é obrigatório para homens e mulheres, e dura dois anos.
Dentro do ônibus aconteceu um fato engraçado, de repente escutei: “delícia, delícia, assim você me mata….” a famosa música “Ai se eu te pego” do Michel Teló, quando me dei conta que era o toque do celular de um soldado.
Estava sentado numa das últimas fileiras e como não gosto muito de aglomeração, espero todo mundo sair para depois desembarcar tranquilo.
Quando de repente, olho pela janela, e vejo um cara pegando minha mala no porta malas do ônibus e saindo. Não conseguia abrir a janela para chamá-lo ou dizer que estavam roubando minha mala. Foi aí que me levantei correndo, pedi licença, desembarquei e abordei o cara.
Ele simplesmente fez cara de desentendido e disse que tinha se equivocado com a bagagem, voltou ao ônibus e pegou sua mala. Acontece que ele tinha uma destas mochilas de mão, e eu estava com uma mala enorme de rodinhas, ou seja, impossível confundir.
Enfim, deu tudo certo com o espertinho ….
Mas estávamos sem hotel e precisávamos buscar onde ficar em Telaviv
Um hostel muito legal em Telaviv
A rodoviária de Telaviv era meio muvucada e a gente se sentiu perdido logo na saída.
Tínhamos chegado numa cidade desconhecida e sem reserva de hotel.
Como tínhamos saído de Jerusalém meio às pressas, pensamos em arrumar um lugar para ficar quando chegássemos em Telaviv.
Uma vantagem de viajar por conta própria é esta, mudar o roteiro. Veja a comparação viagem por conta x própria agência aqui.
Já tínhamos visto várias opções na Internet, e tínhamos em mente ficar na região da Frishman Beach, foi para lá que tomamos uma van super lotada.
Esta região é bem turística, com vários restaurantes, bares e um bonito “tayelet” (calçadão).
Uma menina na van ficou de nos avisar o ponto ideal para desembarcarmos, e assim ela o fez.
Saímos da van com malas enormes, e além das nossas bagagens tínhamos uma outra mala com um tapete 2.00m x 2.00m que meu amigo tinha comprado em Amã na Jordânia.
O que você sabe sobre Amã ? Dá uma olhada neste artigo e confira.
E fomos em busca de hotéis. Como queríamos algo econômico pensamos em sair das grandes avenidas e procurar algo barato, foi então que começamos a odisseia: quando era barato, o lugar era muito ruim, quando era melhor era caro, depois da quarta ou quinta tentativa voltamos até a avenida de frente para o mar.
Encontramos o Beach Front Tel aviv. De cara gostamos, tinha uns quartos que saiam diretamente para a a rua.
Entramos e vimos que tinha quartos privados e coletivos, perguntamos o preço e estava bem legal. Os quartos eram pequenos, mas super limpos, confortáveis e silenciosos. Ali ficamos.
Nem a gente acreditava que tínhamos conseguido um lugar tão legal por um preço ok, não digo barato, porque Telaviv não é uma cidade barata.
Curiosamente, ao lado hostel, fica a Embaixada Americana, depois reparamos o forte esquema de segurança. Vi um bloqueio eletrônico de acesso na rua, com pilares que se elevavam do chão. Definitivamente, estávamos num lugar seguro.
Guardamos as malas, tomamos um banho e fomos descobrir Telaviv.
As praias Frishman e Gordon Beach
Como nosso hostel era bem localizado, frente ao mar, começamos a caminhar pelo calçadão sentido à direita, pela praia de Frishman, a qual é bastante badalada com o pessoal jogando vôlei e aquelas estações para fazer exercícios.
É boa para toda a família, não é aquela praia de tombo, então dá para as crianças brincarem tranquilamente. Também é fácil o aluguel de guarda sol e cadeira.
No geral, a praia não tem um grande diferencial, ainda mais para nós brasileiros. Nossa intensão era a de relaxar sem expectativas, porque a gente vinha de um roteiro excessivamente histórico e cultural.
Caminhando um pouco mais nos impressionamos com a bela fachada colorida do Dan Hotel Telaviv.
Telaviv é uma cidade liberal, talvez a mais liberal de todo o Oriente Médio.
Com uma população de maioria jovem entre 18 e 35 anos, todos falam inglês e tem aquela clima meio “carioca”, ligado a esportes e ao verão.
Aliás, a estação por lá é prolongada, indo de março a novembro, porém a alta temporada acontece de maio a setembro, justamente quando estava por lá.
Lá a galera joga frescobol também, porém eles chamam de “matkot”, não sei se é exatamente igual, mas parecia muito com nosso famoso jogo de praia.
Como falei, Telaviv é uma cidade liberal e existe também uma praia gay, que é a Hilton Beach, em frente ao hotel de mesmo nome.
Em relação à homossexualidade, o Estado de Israel reconhece a união civil entre pessoas do mesmo sexo dede 1993. Somente em Israel e Turquia os gays tem vida social aberta, diferente de outros países onde a homossexualidade é considerada um crime.
O passeio por aí pode finalizar pelo por do sol, e depois tem muitos lugares para tomar um drink e começar a noite.
E agora vamos para onde Telaviv nasceu, uma cidade com mais de 7000 anos
A antiga cidade de Jaffa
Oficialmente o nome da cidade é Telaviv-Yafo, sendo a junção de duas cidades. Yafo, também conhecido como Jaffa é uma das cidades mais antigas do mundo e de onde Telaviv nasceu.
Saindo da Frishman Beach, nas proximidades do Beach Front Hostel, uma gostosa caminhada de aproximadamente 3 Km nos leva à Cidade Antiga de Jaffa.
No caminho vimos uma bela Mesquita, pessoas fazendo churrasco, mulheres muçulmanas com véu e um casal de judeus com todas aquelas roupas escuras naquele calor do alto verão do Oriente Médio.
Já da orla, conseguimos ver a antiga cidade contrastando com os prédios modernos de Telaviv.
Foi curioso que o caminho para Jaffa mostrou uma Telaviv mais decadente digamos assim, com alguns prédios em ruínas, praias não tão bonitas e moradores de rua. De nenhuma forma me senti inseguro, foi apenas diferente do que tinha visto até então.
A Antiga Jaffa também é importante para o Cristianismo, já que a cidade é citada algumas vezes na Bíblia, como na passagem: A ressurreição de Tábata por Pedro na Casa de Simão.
Hoje Jaffa respira artes nas mais de 50 galerias, estúdios e lojas de design. O grande barato por aí é perder-se pelos becos e ir descobrindo uma das cidades mais antigas do mundo.
O passeio pode começar pelo Jaffa Theatre, passeando pelo Jardim Haspiga, de onde temos uma bela vista de Telaviv.
Aí mesmo observe a Estátua da Fé, feita com pedras da Galileia, o monumento parece um portal e tem 4 metros de altura. Um dos pilares conta a história do Sacrifício de Isaac, com Abraao de joelhos ao lado do cordeiro elevando seu filho Isaac. O segundo pilar representa o sonho de Jacó, quando este recebe a promessa que teria uma terra para seus descendentes. Já a viga superior representa a realização, a captura de Jericó.
Ali perto a Fonte dos Desejos tem os 12 signos do zodíaco, e os turistas atiram moedas fazendo pedidos.
Continuando nosso passeio pela Antiga Jaffa, chegamos a uma bonita e fotogênica escadaria, ladeada por prédios feitos com pedras.
Não tenho medo de se perder pelas ruazinhas, os caminhos te levarão ao porto. Dê uma volta pelo Jaffa Port Food Market, um prédio novo com algumas opções para fazer um lanche ou tomar algum drink.
O antigo Porto de Jaffa, o qual tem registros de uso por mais de 7000 anos ainda funciona, e ali podemos ver pequenos barcos de pesca.
Vale a pena conhecer a Igreja de São Pedro, originalmente do século XVII mas reconstruída outras vezes. A mesma foi feita, originalmente, como uma casa de hospedagem para os peregrinos que iam em direção à Jerusalém. A igreja que vemos hoje é resultado da última reforma do início do seculo XX.
Andando por ali chegamos à Torre do Relógio, as quais foram construídas pelo Império Otomano para comemorar os 25 anos anos do reinado de Abdul Hamid, o segundo. Na época foram construídas 100 dentro do Império Otomano, da qual Jaffa fazia parte.
Para quem gosta de compras, o Jaffa Flea Market é outra opção, lá você pode encontrar de tudo.
Passear pela antiga Jaffa é uma delícia, daqueles programas para fazer sem pressa, de forma descontraída.
Se quiser mais informações consulte o site do Centro de Visitantes em Jaffa.
Mas Jaffa cresceu tanto, que no final do século XIX um novo bairro começou a surgir, e hoje é um dos mais descolados de Telaviv
Neve Tzedek: um bairro descolado em Telaviv
A 15 minutos de Jaffa chegamos ao descolado Neve Tzedek. Este bairro nasceu quando os judeus procuravam um lugar mais calmo do que a populada Jaffa, sendo assim, lá no final do século XIX famílias começaram a construir suas casas em uma nova região.
A principal rua é a Shabazi, se você gosta de artesanato em jóias e cerâmicas e utensílios para casa, encontrará boas opções por aí.
Neve Tzedek é um bairro agradável, colorido, com aquela cara de “interior”, uma volta por aí te mostrará uma Telaviv diferente.
O passeio pode ser combinado com o famoso Carmel Market, que não fica longe daí e onde se encontra de tudo: roupas, temperos, eletrônicos e frutas.
Sabia que Telaviv é conhecida com a Cidade Branca ?
Bauhaus
Telaviv é conhecida como a Cidade Branca, por ter muitos edifícios no estilo Bauhaus.
Se você é arquiteto ou gosta da área, Telaviv é um prato cheio para admirar a Escola Bauhaus, já que cidade tem o maior legado do mundo deste estilo arquitetônico.
A importância é tamanha que a UNESCO concedeu o título de Patrimônio da Humanidade à Telaviv justamente por possuir mais de 4,5 mil prédios construídos ao estilo Bauhaus.
Eu já tinha lido que a Rothschild Boulevard seria o melhor lugar para admirar este legado, mas como sou leigo em arquitetura confesso que fiquei meio perdido. O ideal mesmo é um tour guiado por ali, assim as explicações vão dando sentido ao que vemos.
O Bauhaus foi mais que uma escola da arquitetura, caracterizando assim um movimento. Entre suas principais características temos a utilização de materiais como aço, vidro e arquitetura integrada ao urbanismo, bem como a funcionalidade do produto.
Existem polêmicas quanto à isso, mas Niemayer teria esta inspiração ao construir Brasília. Se tiver algum arquiteto lendo este artigo deixe um comentário pra gente entender melhor isso.
Já viu meu roteiro em Brasília ?
Dicas e Percepções do Viajante Curioso
Telaviv cabe sim num day trip desde Jerusalém, já que é possível ter uma ideia da cidade em um dia.
Dependendo do interesse Telaviv pode pedir mais dias, caso queira curtir a noite da cidade por exemplo.
Em muita partes Telaviv é estranha e tem vários prédios decadentes. Com exceção da orla e de um ou outro bairro digo que Telaviv não é necessariamente uma cidade bonita.
Gostei muito da cidade, mas falo isso porque sou curioso e gosto de lugares que não são propriamente turísticos. Tenho uma amiga que foi e que não gostou de nada.
Moses é uma rede de hamburgueria bem legal em Telaviv, gostei dos lanches e do atendimento.
Não crie expectativas para a praia, apesar de estar no Mediterrâneo as praias não têm nada de especial.
Se procura badalação e vida noturna Telaviv é o lugar certo. Confira a programação de festas de música eletrônica, lá é o lugar ideal.
Telaviv é segura, não existe nenhum problema em caminhar pelas ruas a qualquer hora do dia ou da noite.
Caso você tenha lido meu artigo sobre Jerusalém sabe que fiquei muito incomodado pelas tentativas de me enganarem por lá, porém em Telaviv tive uma impressão bem melhor.
A cidade não é barata.
Prepare-se para um interrogatório ao tomar voo em Ben Gurion, eles fizeram umas 30 perguntas para mim o que demorou mais de 20 minutos. Eles perguntaram tudo, inclusive queriam saber porque meu amigo e eu viajávamos juntos, questionando detalhes como: onde morava, onde eu morava, a distância das duas cidades (ele de São Paulo e eu de Campinas). Fique calmo e responda tudo como um bate-papo.
É isso aí amigos leitores, se tiverem qualquer dúvida me falem ok ?
Autor do blog, é formado em Ciência da Computação e atua com Marketing Digital e e-commerce por mais de 10 anos.
As viagens por quase 40 países são a inspiração para produção de conteúdo.
Além do blog, o autor escreve para colunas de turismo em jornais da região de Campinas e é blogueiro associado do Portal UAI de Minas Gerais.
Bom dia! Estou em Tel Aviv e, infelizmente, li seu artigo somente hj…gostaria de ter visto antes.
Vc foi o único sincero em relação à este lugar. Tinha tanta expectativa, tanta vontade de conhecer! Onde quer que vc procure por Israel, só vemos elogios, que é um lugar maravilhoso, tecnológico, etc, quando na verdade não é nada disso. É um lugar imundo, mal cuidado, absolutamente decadente.
Não posso dizer que tenha gostado de algo, uma decepção só, e olha que sou arquiteta, nem Bauhaus para salvar, aliás todos caindo aos pedaços, cheios de gambiarra, jardins horríveis.
Lamento muito ter perdido dias de férias em que poderia ter continuado na Europa, onde estava antes de vir para cá.
Bom dia Daniela,
Poxa, sinto muito pelas suas férias, mas vamos pensar pelo lado bom: você conheceu um lugar que não voltaria.
De forma geral, não gostei de Israel, toda a tensão, as entrevistas no aeroporto e a forma que fui tratado me deixaram bastante frustrado.
Tel Aviv não é uma cidade bonita, por isso que cito no meu artigo para que não criemos expectativas ao conhecê-la. A cidade serviu apenas como um refresco pelos péssimos dias que tive em Jerusalém.
Existem pedaços de Tel Aviv que realmente são decadentes. Um dia, perdido pela cidade, observei isso.
A proposta do Viajante Curioso é mostrar a vida do turista como ela é, sob à minha perspectiva, acreditando que isso possa ajudar outras pessoas em seus processos de decisão: ir ou não ir para determinado lugar.
Obrigado por compartilhar comigo sua percepção.
Diego
Oi Diego! Já ouvi falar que a imigração é tensa no aeroporto. Estou indo viajar com a minha mãe e o vínculo será a empresa que o meu pai trabalha (que tem sede em Jerusalém). Vc indica levar algum documento mais específico? Vi que vc não tinha hotel em Tel Aviv e queria saber se isso te atrapalhou na entrada. Agradeço desde já.
Oi tudo bem?
Eu cheguei em Tel Aviv de ônibus, porque vinha da Jordânia.
Pelo que sei a complicação é para sair de Israel, não para entrar. Tive uma experiência bem chata ao voar de Tel Aviv para Paris. Passei por uma entrevista longa com perguntas constrangedoras.
Prepare-se para eventuais situações assim.
Mas não acredito que terá algum problema.
Diego